O sistema Light Steel Frame é um método construtivo altamente eficiente em desempenho e que pode apresentar uma durabilidade elevada quando projetado e executado de forma correta.
Assim como nós, as pessoas, precisamos periodicamente realizar acompanhamento médico visando uma melhor qualidade de vida, os “check ups” , as edificações de modo geral também passar por avaliações e manutenções periódicas visando sua durabilidade. E assim também com as pessoas envelhecem, os materiais e construções também, sendo necessário cuidados para garantir uma maior longevidade.
Segundo Bolina, Tutikian e Helene (2019) em “Patologias das Estruturas”, a atividade de manutenção possui uma influência grande e decisiva na vida útil de uma edificação pois a mesma só conseguirá atender ao período de vida útil estipulada em projeto se forem realizadas as manutenções preventivas, de modo a evitar e corrigir possíveis problemas que podem comprometer sua integridade. Uma fissura, por exemplo, se não analisada e tratada da forma correta, pode gerar infiltrações que ocorrerão descolamentos, descascamentos, corrosão e rupturas de revestimentos entre outras ocorrências, a médio e longo prazo.
No Brasil, temos a ABNT NBR 5674-Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção, que trata dos assuntos acerca dos processos de manutenção de uma edificação. Segundo a norma, a manutenção visa preservar as características originais da edificação e prevenir a perda de desempenho proveniente da degradação do sistema.
A ABNT NBR 15575- Edificações Habitacionais-Desempenho, apresenta alguns termos importantes para a manutenção, sendo:
- VU- Vida Útil- É o período de tempo em que uma edificação se presta às suas atividades ao qual foi construída, atendendo os níveis de desempenho da NBR 15575 e considerando a correta manutenção prevista;
- VUP- Vida Útil de Projeto- É o período estimado ao qual a edificação é projetada, atendendo os requisitos de desempenho da NBR 15575.
Em resumo, o VUP é uma estimativa de tempo da VU. A mesma pode não ser atingida se houverem alguns fatores negativos na edificação como baixa ou nenhuma manutenção, fatores climáticos, falhas de especificação e projeto, entre outros.
Para cada componente de uma edificação, a norma estipula períodos de vida útil de projeto mínimo, sendo:
- Estrutura: 50 anos;
- Pisos Internos: 13 anos;
- Vedação Vertical Externa ( SVVE): 40 anos;
- Vedação Vertical Interna ( SVVI): 20 anos;
- Cobertura: 20 anos;
- Instalações Hidrossanitárias: 20 anos.
Além da norma nacional, existem diversas normatizações internacionais que abordam e estipulam critérios de VUP e podem ser adotados durante o desenvolvimento de um projeto. Segundo a BS 7543-guide to durability of building elements, products and components, há definições também para os sistemas estruturais das edificações conforme sua finalidade de utilização, como :
- Temporárias: até 10 anos;
- Substituíveis: Acima de 10 anos;
- Edificações industriais e reformas: Acima de 30 anos;
- Edificações novas e reformas de edifícios de uso publico: Acima de 60 anos;
- Obras históricas, obras de arte e edifícios públicos novos: Acima de 120 anos.
Nas fachadas, o ambiente é altamente agressivo pois a ação de sol, chuva, raios UV, granizos, choques térmicos, impactos de objetos, ação de vento, sujeiras, microorganismos, podem interferir e influenciar na durabilidade e vida útil da mesma.
Ainda na etapa do projeto, é necessário entender que tipos de materiais estão sendo aplicados nas fachadas e sua especificação correta para evitar uso de sistemas e interfaces incompatives para a área de aplicação. Entre os requisitos para os materiais apresentarem maior durabilidade e atenderem a Vida Útil, podemos citar alguns pontos como:
-Resistência ao envelhecimento: os fatores externos mencionados anteriormente influenciam no envelhecimento dos materiais, o que pode gerar maior manutenção e baixa durabiidade. Devido a esse fator, diversas normas apresentam ensaios de envelhecimento como ação de raios UV ( para tintas e revestimentos por exemplo) e ciclos de imersão e secagem (chapas cimentícias) e ensaios de choque térmico em sistemas de parede ( como solicitado pela NBR 15575) atestam se o material não perderá resistência a médio e longo prazo quando exposto ao ambiente externo;
-Variação dimensional: materiais com elevada variação dimensional tendem a apresentar maior ocorrência de fissuras e trincas o que irá gerar maiores anomalias posteriores como infiltrações, descascamentos e descolamentos. As chapas cimentícias, mais adequadas para fachadas de Light Steel Frame, devem apresentar baixa variação dimensional para manter a integridade e mitigar ocorrência de fissuras;
-Raios UV: como mencionado sobre resistência ao envelhecimento, os materiais precisam possuir resistência à Radiação Ultravioleta ( UV) principalmente os de acabamentos e vedações como tintas, texturas, selantes silicone, poliuretanos (PU), PVC. Os elementos com baixa ou nenhuma resistência ao UV podem apresentar problemas como descascamentos, fissuras, maior fragilidade causando sua quebra, desbotamentos e perda de resistência em geral;
-Umidade: materiais com baixa ou nenhuma resistência à umidade podem gerar sérios danos às fachadas, reduzindo sua durabilidade e comprometendo sua estanqueidade, que é um dos fatores de desempenho que a NBR 15575 solicita. Chapas cimentícias, argamassas tipo basecoat, finish coat, pinturas, texturas, selantes, rejuntes e outros elementos que compõem as interfaces de uma fachada em LSF necessitam possuir resistência á umidade para garantir integridade à edificação;
-Permeância ao Vapor- uma característica pouco citada no país porém essencial aos sistemas como Steel e Wood Frame, apresenta a capacidade de passagem de vapor pelo material. Todos os materiais que compõem as interfaces de uma fachada em LSF necessitam possuir essa característica para garantir maior estanqueidade e resistência à umidade.
É importante sempre consultar as respectivas normas e os fabricantes dos materiais para verificar se os materiais especificados para as fachadas apresentaram as características ideais que permitam a durabilidade e atingir a VUP do projeto.
Por fim, sobre a manutenção da edificação durante sua utilização, a NBR 5674 indica algumas sugestões para os prazos de manutenção conforme os locais da edificação, visando manter a integridade durabilidade da mesma. A periodicidade pode variar conforme o período de tempo estimado para qual o sistema de uma edificação foi projeto a fim de atender o desempenho exigido por norma. Porém, é comum adotar os seguintes prazos:
- A cada ano: Estrutural ( vigas, pilares e lajes), verificando sua integridade; Impermeabilização ( áreas molháveis e locais com selantes, silicones, mantas liquidas) analisando a ocorrência de infiltrações; Revestimentos de fachadas e pisos ( cerâmicas, porcelanatos, pinturas) analisando sua integridade e ocorrência de anomalias; Cobertura (telhas, calhas, rufos) inspecionando para verificar ocorrência de infiltrações e vazamentos;
- A cada 2 anos: Esquadrias (portas, janelas, guarda-corpo, aberturas em geral) verificando necessidade de pintura, vedação ou manutenção especifica;
- A cada 3 anos- Fachadas, sendo realizado repintura, lavagem e analise da integridade dos elementos.
As informações da periodicidade das manutenções, como realização e demais procedimentos devem constar no Manual de Uso, Operação e Manutenção determinado pela ABNT NBR 14037 e deve ser fornecido pela construtora da edificação.
Como verificado, é importante estarmos atentos aos requisitos dos materiais e sistemas que compõem uma edificação, sendo importante sempre a consulta aos fabricantes dos materiais e empresas especializadas em projeto e execução para garantir a correta aplicação dos materiais e garantir assim a durabilidade e vida útil das edificações em Light Steel Frame.
